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Postado em 09 de Setembro de 2022 às 22h22

O milagre do agro brasileiro, em números

Apoiados em bases científicas, nas últimas três décadas os produtores adotaram um considerável número de tecnologias que culminaram em altos volumes, com alta qualidade, além de permitir que as florestas do País sejam protegidas tanto nas propriedades agropecuárias quanto em áreas nativas.

O trecho é de um relatório de 2021 da Embrapa intitulado Tecnologias Poupa-Terra, que leva a assinatura de 57 autores – todos pesquisadores, mestres e doutores da instituição. Em cada cultivo agrícola, os avanços têm estreita ligação com adoção massiva de tecnologias, boas práticas e processos modernos de produção.


Segunda commodity mais produzida no País, o milho quadruplicou o volume colhido em três décadas, o que permitiu ultrapassar pela primeira vez a marca de 100 milhões de toneladas em 2019/20. A produtividade média, que era de 1.841 kg/ha em 1990, saltou para 5.520 kg/ha. Para produzir as 102 milhões de toneladas colhidas em 2020, mantidas as produtividades de trinta anos atrás, seriam necessários 55,5 milhões de hectares (foram utilizados 18,5 milhões). O efeito poupa-terra foi de 37 milhões de hectares.

Único cereal do mundo a produzir anualmente mais de 1 bilhão de toneladas, o milho ganhou renovado impulso no Brasil graças ao cultivo de segunda safra, que no começo era chamado de “safrinha” devido à menor relevância. Pois a safrinha virou “safrona”, e em 2019/20 representou 75% do volume produzido, contra 25% do milho verão. A área plantada com milho safrinha, de 256 mil hectares em 1990, saltou para 13,73 milhões de hectares em 2020. Plantio direto, genética e biotecnologia explicam a versatilidade do cereal nas mãos dos produtores brasileiros.

O desenvolvimento de variedades de soja mais precoces, antecipando o plantio em quase 50 dias, também abriu uma janela maior no calendário de cultivo do milho, diminuindo os riscos climáticos. A dobradinha soja-milho, pelo sistema de plantio direto, bateu antecipadamente a meta do governo de 8 milhões de hectares em 2020 (chegou a 9,97 milhões de hectares) como forma de mitigar a emissão de gases de efeito estufa.

A transgenia foi um marco no controle de ervas daninhas – atualmente 93% do milho plantado no Brasil é transgênico – assim como o manejo integrado de pragas para controlar o ataque de insetos. O crescimento da produção de etanol de milho no Brasil, de quebra, favorece um novo impulso à pecuária, já que os Grãos Secos por Destilação (DDG) são importante fonte alimentar para confinamento dos bovinos.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja ocupando apenas 4,5% do seu território para cultivá-la. Em termos de efeito poupa-terra, se fosse mantida a mesma produtividade da época de introdução da cultura no país (anos 60), a área necessária para obter a mesma produção da safra 2019/20 precisaria ser 195% superior. Ou seja, uma poupança de 71 milhões de hectares. Pode-se somar a isso outros 15,8 milhões de hectares economizados pela intensificação do uso da terra (segundas safras de algodão e milho). Tem-se, assim, 86,8 milhões de hectares poupados pela evolução tecnológica da soja no país.

A soja brasileira chegou à liderança global graças à atenção dos agricultores quanto às recomendações do zoneamento agrícola de risco climático, melhoramento genético para maior potencial produtivo, transgenia, fixação biológica de nitrogênio, cultivares resistentes a pragas, adubação de precisão, plantio direto sobre a palha, redução das perdas na colheita, e, mais recentemente, Integração Lavoura Pecuária e Floresta.

Uma nova fronteira agrícola, em termos de produtividade, foi aberta pelo sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). Na prática, o produtor intensifica o uso da terra e passa a colher madeira, grãos e carne bovina numa mesma área. A meta é chegar até 2030 com o sistema de integração implantado em 35 milhões de hectares - atualmente já são 18,5 milhões.

Com a tecnologia digital, você consegue também melhorar a eficiência das máquinas e ampliar a janela para produção de uma segunda safra, naquelas regiões em que é possível fazer, mas o déficit hídrico é muito forte. 

Fonte de pesquisa: gazetadopovo.com.br

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