DIA DO CAMINHONEIRO: MOTORISTAS FALAM SOBRE OS DESAFIOS DE EXERCER A PROFISSÃO
DIA DO CAMINHONEIRO: MOTORISTAS FALAM SOBRE OS DESAFIOS DE EXERCER A PROFISSÃO Saudade da família e medo de assaltos estão entre preocupações dos profissionais ouvidos pelo g1.
São horas atrás do volante, dias fora de casa e metas a cumprir. Saudade da família e os perigos nas estradas fazem parte da rotina diária dos motoristas de cargas. No Dia do Caminhoneiro no Estado de São Paulo, lembrado nesta sexta-feira (30), o G1 conversou com dois profissionais da região de São Carlos (SP) sobre os desafios de exercer a função. Morador em Ibaté, Gláucio Aparecido Costa de 43 anos está na profissão há quase cinco anos. Antes de ser caminhoneiro, trabalhava com vendas de produtos de agropecuária. Mudou de área ao ver um anúncio para vaga de motorista. Viagens Na nova empresa disse que realiza até cinco viagens por mês, metade do que fazia quando trabalhava com uma carreta. As viagens duram de uma semana a 15 dias e, segundo ele, uma das maiores dificuldades é a saudade. Casado, pai de um menino de 15 anos e de uma menina de 1 ano e 6 meses, Costa disse que conversa a família todos os dias. "Quando eu comecei a trabalhar, meu menino já era grandinho e às vezes ele ia comigo nas viagens mais curtas. Agora com a pequenininha ficou mais dolorido ficar fora de casa”, afirmou ele. Costa contou que devido as constantes viagens já perdeu momentos importantes como aniversários do filho e o nascimento da caçula. Ele também não pôde estar presente quando a avó morreu.
Motorista de Ibaté reunido com a família (Foto: Gláucio Aparecido Costa/ Arquivo pessoal ) Rotina
Para Costa, ter a oportunidade de conhecer vários lugares é um dos atrativos da profissão. É preciso, entretanto, lidar com o medo dia a dia devido aos perigos nas estradas e o riso de assaltos. Segundo ele, quem está começando agora, precisa gostar muito do que faz para valer a pena. Apesar da falta de reconhecimento da importância da profissão, Costa ressalta que os caminhoneiros movem a economia do país. “Para você estar usando seu celular hoje, chegou até você por um caminhão. Seu carro não anda se você não tiver combustível, que chega até o posto por meio de um caminhão. O café da manhã, aquele leite, aquela farinha que fez o pão, tudo passou por um caminhão”, disse.
Um dia de cada vez Para o motorista de São Carlos Jovem Rodrigues, de 34 anos, trabalhar com o caminhão é levar uma vida de liberdade. “Eu descarrego a carga em um lugar e de lá não sei para onde vou. Isso é gostoso, te dá um prazer. Você viver literalmente um dia de cada vez”, afirmou. Por outro lado, as viagens são solitárias e ficar a maior parte do tempo fora não é fácil. Caminhoneiro há 10 anos, Rodrigues não viu o nascimento do primeiro filho, hoje com seis meses, porque estava fora a trabalho. “Perdi o nascimento dele por meia hora. Perdi outros momentos importantes também devido às viagens. Sou uma pessoa ausente e quando estou longe sinto saudades dele, da família, dos amigos”, contou. Trabalho dificultado
Rodrigues disse que já foi mais apaixonado pela profissão, mas a falta de incentivo e os altos custos para manter o caminhão acabam dificultando o trabalho. “Já tentei sair várias vezes, mas não consigo. Caminhão é um vício. Qualquer caminhoneiro que você encontrar na vida não consegue sair da profissão. Ele até tenta, mas volta. Parece um imã que puxa de volta”, brincou.
Em julho e agosto deste ano, o escoamento da safra agrícola deve ser 76% maior do que no mesmo período de 2016. A previsão é da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) a partir de uma estimativa feita junto aos terminais que movimentam grãos para a exportação no porto. São esperadas 2,97 milhões de toneladas de cargas para o período – de julho a agosto do ano passado foram escoadas 1,69 milhões de toneladas. Segundo a estimativa, são esperadas 1,1 milhão de toneladas de soja, 650 mil toneladas de farelo de soja e 1,2 milhão de toneladas de milho. “A diferença de um ano para o outro se dá, principalmente, na escolha do produtor em voltar a exportar o milho, que tem se recuperado no mercado internacional. E é isso que temos buscado aqui, manter o Porto de Paranaguá pronto para atender a demanda do seu usuário, seja ela qual for”, afirma o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho. Para dar conta de atender estas demandas, a Appa efetivou o maior pacote de investimentos públicos da sua história. Foram cerca de R$ 624 milhões para dar mais eficiência e capacidade na operação portuária. No escoamento de grãos, por exemplo, foram instalados novos shiploaders (equipamentos utilizados para carregar navios), tombadores, balanças e feitas campanhas de dragagem e reformas no cais de acostagem.
Exportações A colheita da safra de verão 2016/17 no Paraná encerrou neste mês com 25 milhões de toneladas colhidas, 23% a mais que a anterior. O Porto de Paranaguá é responsável praticamente pela exportação de todo o volume da produção local. “As obras e o repotenciamento dos sistemas possibilitarão ao Porto atender o aumento da produção com uma logística de escoamento ordenada e inteligente. As cargas aumentam, mas o produtor continua exportando no melhor momento da comercialização, sem filas e sem problemas”, destaca o diretor-presidente da Appa, Luiz Henrique Dividino. Os primeiros meses do ano já deram uma boa medida disso. O Porto de Paranaguá bateu recorde histórico de movimentação no primeiro trimestre de 2017, com 11,67 milhões de toneladas de janeiro a março. Manteve ainda um volume de operações no mesmo patamar do ano passado no segundo trimestre, quando o volume de cargas operadas foi de 13 milhões de toneladas. Além do aumento na produção e, consequentemente, nas exportações de grãos brasileiras, o porto paranaense ainda é a melhor opção logística dos produtores na hora de enviar grãos para outros países. Ao lado da produção do Paraná, também passam pelo Porto de Paranaguá boa parte das exportações de soja, farelo e milho do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Fonte: http://blogdocaminhoneiro.com/2017/06/escoamento-da-safra-pelo-porto-de-paranagua-deve-ser-76-maior/